Por
esses dias eu vi flores de diversas cores numa mangueira quando
andava pela cidade. Meus olhos se encheram de lágrimas pois veio a
memória uma prima que por um momento de fraqueza, e não a culpo por
isso, decidiu fechar os olhos e adormecer antes do tempo. Não em um
sono que se acorda com o tic-tac do relógio ao amanhecer, tão pouco
aquele sono que te faz despertar com o pular e abraçar das crianças
na cama – Nesse sono não há mais abraços, não há mais
sorrisos, não há mais crianças...
Sabemos
o quanto é complicado lidar com as pessoas em nosso dia a dia. São
tantas as diferenças pessoais que por vezes nos expelem uns dos
outros. Mas essas pessoas que passam por nossas vidas por menos
intimas que sejam, por menos prazeres que nos deem e menos alegria
que nos tragam, sempre deixam seu nome assinado no registro de
visitantes da vida, da nossa vida.
Como
pode um pequeno detalhe do meu dia me trazer tamanha lembranças?
Como pode uma arvore na estrada abalar minha estrutura?
Minha
prima, que também era minha vizinha, toda época de festa, enchia a
mangueira do quintal com flores. Muitas flores coloridas, todas
feitas de tampinhas de garrafas... Ha um tempo atrás algumas flores
ainda estavam lá, na mangueira quase intacta...
As
festas não são a mesma coisa. Não há flores na mangueira, não
tem luz para iluminar e clarear quando a noite cai. Agora a árvore
não tem cor, não tem flores, não vida. E ela, que com seu jeito
alegre e gritante e por vezes irritante, nos presenteava com suas
belas flores, hoje dorme e não pode ver suas sementes florescerem em
vida.
Beijomeliga!
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